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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Homenagem

Jordana Isse



É com misto de pesar e orgulho que nos reunimos nesta noite para homenagear aquele que foi o “Rei do Rio”, aquele que construiu, reformou, trabalhou por este cais.

Aqui nos viu crescer, nos mostrou como é bonito este lugar. Nos ensinou que não há paisagem mais bela e que cada pôr do sol é único na sua beleza e magnitude, que ao deitar-se o sol e chegar à noite o nosso Rio se transforma, represa, se apressa para o clarear de um novo dia, novo dia de trabalho, de luta e incontáveis alegrias proporcionadas por estas águas que cortam o centro de nossa cidade e enchem nossos olhos e coração.

Foi aqui que ele cresceu, sabia de cor os caminhos que este Rio desenha, conhecia a todas as pessoas que dele vinham desfrutar, recebia como ninguém a todos que aqui iam se chegando, pois este lugar para ele significava muito mais que sua casa, seu lar, sua morada, seu escritório: foi sua vida. E os dias eram sempre belos. Ele era só alegria: No calor do verão gabava-se com sua tez dourada preparada para o deserto, no inverno esquentava-se de tanto trabalhar e nos dias de chuva aguardava ansioso o encher das águas para elogiar este Rio, que afirmava ser “o melhor rio do mundo”, uma vez que enche devagar e desce ligeiro, dando tempo para nos preparamos para suas cheias recolhendo tudo aquilo que suas águas não devem carregar.

Com ele muito aprendemos através de suas intermináveis conversas e pareceres. Era muito presente em nossas vidas opinando e metendo-se em tudo, palpitava sobre nossa forma de vestir,nos queria sempre alinhadas, sobre namorados, sobre festas, e amizades, queria estar a par de tudo que acontecia em nossa divertida juventude!

Se dizia estilista, engenheiro, construtor, empresário, artista, músico, inteligente, arrojado, amigo, bonito, chique, pai e marido presente. Adorava estar cercado de suas mulheres, jamais pudera sentir-se só.

Para ele a vida era completa: morava onde queria, trabalhava no que gostava, amava este lugar onde elegeu ser o seu, admirava a beleza de sua mulher, e quanto a nós, suas filhas, orgulhava-se e surpreendia-se que cada dia era o dia de uma estar mais bonita, sem dar-se conta que bonita foi sua trajetória por esta vida, bonito era seu carinho depositado em suas tão delicadas atitudes para conosco, que bonito foi ter nos ensinado que devemos ser pessoas idôneas, honestas, que o comércio é uma arte que nasceu para todos, mas que nem todos nasceram para o comércio, que nunca devemos almejar o que não nos pertence e sim buscar o melhor que cabe a cada um de nós.

Que a vida deve ser feita de muito e nobre trabalho e que devemos curtir ao máximo tudo aquilo que ela nos proporciona, sem essa de ser “infeliz no paraíso”, como ele costumava me dizer. Falava-me sempre que ao nos apresentarmos em público, devemos falar pausada e corretamente a nossa “língua mater”, confesso que tento por em prática todos seus ensinamentos, que são suas mais vivas lembranças, mesmo que, alguns deles ainda sejam difíceis de absorver, uma vez que sempre me dizia que “não importa o tamanho do problema devemos rir para seguir em frente, e assim ele fazia, lembro de passar as tardes em sua companhia sempre alegre, rindo e assoviando nosso Hino Riograndense. Pensava intimamente em como seria o dia em que não estivesse mais presente entre nós, o silêncio que ficaria e que realmente ficou.

Dizia sempre que não há nada como um dia após o outro e que solução só não existe para a morte.

Sonhador,estava sempre inventando, criando, arquitetando, planejando algo.

Como o define bem sua madrinha, a Zica, foi sempre muito tenso e intenso. Ansioso, queria tudo sempre pra ontem, cansaço era uma palavra que não cabia em seu dicionário, e “deixar para depois” não existe, o que tem que ser feito, deve ser imediatamente...

Enorme a falta da sua presença, da sua alegria amarela que iluminava a todos nós.

Parafraseando Rubem Alves, “aqueles que muito sonham não envelhecem. Pode até ser que morram de repente, mas morreram em pleno vôo. O que é muito mais bonito.”

E assim o fez, deixou-nos em pleno vôo, deixando-nos um bonito legado que pretendemos preservar em sua memória.

Muito Obrigada Pela Presença e Atenção De Cada Um De Vocês

Naquela Beira

Eduardo César Isse


Fernanda Isse



Nascido em Montenegro, no dia 07 de março de 1944,sob o signo de peixes (talvez daí se explique a paixão por este rio) filho de Pedro e Ada Isse, Teve uma infância alegre por essas ruas cercado de amigos entre eles, fulano... colegas do Delfina Dias Ferraz e após do Ginásio São João Batista, onde concluiu o curso de Técnico em Contabilidade.

Ainda muito jovem começou a trabalhar, atuando na CEEE e após na Areiasul, empresa de sua família situada próxima Cais do Porto, onde trabalharia com dedicação por toda sua breve, porém intensa vida.

Em 1978, casou-se com Rose, com quem passou a residir na “casa dos seus sonhos” em frente ao Cais do Porto- e com o direito a ter, segundo ele,”a mais bela paisagem do mundo”, e onde viram crescer suas três filhas: Fernanda, Jordana e Jamilla.

Adorava chimarrão, churrasco, pepsi-cola, sorvete de creme, ouvir a Gaúcha, e dar boas risadas.

De personalidade autêntica e entusiasta da história do nosso município contava e escrevia histórias sobre Montenegro Antigo, colecionava fotos da cidade e aparelhos de telefone de diversas décadas, freqüentava o Rotary Club Montenegro Centenário e o Clube Riograndense, participando ativamente destas e de outras entidades.

Eduardo foi homem íntegro, justo e sem preconceitos, partido político, religião ou time de futebol, como acreditava que todo comerciante deveria ser, pois o que ele realmente valorizava era a amizade das pessoas acima de tudo.

E sempre será lembrado como um trabalhador alegre, que vivia para sua família, apaixonado pela cor amarela e fascinado por este lugar.