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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O TRANSPORTE FLUVIAL NO RIO CAÍ

Montenegro, 13 de dezembro de 2005.

Estimado professor José Carlos Schwartz.
Na qualidade de um mero observador da época em que Montenegro usufruía e destacava-se pelo transporte fluvial em nosso Estado, queria relembrar ao amigo e competente colunista fatos que não ocorrem mais no nosso rio e no cais de nossa cidade.

O TRANSPORTE FLUVIAL NO RIO CAÍ


Após o término da navegação através dos vapores, que aqui navegaram entre outros o Vapor: Itália, Montenegro, Lajeado, Horizonte os quais eram propulsionados pelas caldeiras à vapor. Surgiram as embarcações denominadas na época de Gasolinas, ou Lanchas a motor. Esses barcos eram movidos por motores a óleo disel, chamado de “óleo cru”. Os motores eram das marcas Otto Deutz, Bolinder, Hanz, Mitz, Hatz etc.
No final da década de quarenta, no início dos anos cinqüenta, no século passado, pelo que me consta apesar de não residir na beira do rio neste período, pude observar a grande movimentação de barcos no nosso Rio e em nosso Cais.
Aqui em Montenegro passavam vários barcos oriundos de São Sebastião do Caí, Matiel, Pareci, Porto dos Pereiras e arredores com destino, geralmente, a Porto Alegre, carregados de mantimentos, mercadorias, cítricos, verduras, lenha, alfafa, mudanças e móveis, entre outros.
Destes barcos destacava-se como um dos maiores o barco denominado Liberal, de propriedade do Sr. Berwanger (aquele que foi o fundador da loja Caçula dos Móveis). Outro barco que navegava nesta região exclusivamente para o transporte de cítricos era o Barco Novo Condorzinho. Da região do Pareci Novo navegava o barco de nome Marqueza, do Sr. Alcides Moisés residente de Pareci Novo,o qual era utilizado no transporte de lenha para Porto Alegre e ao retornar trazia areia para Montenegro.
 Do Porto dos Pereiras, entre outros, navegavam a Arca de Noé e a Querência, esta do Sr. Marcos Teixeira pai do Sr. Luis Teixeira o qual transportava além de lenha,  lages e pedras rumo à Capital, no seu retorno trazia areia a Montenegro.
No Cais de Montenegro até as imediações do Estaleiro Bortolaso atracavam inúmeros barcos que eram utilizados também no transporte de mercadorias que suprissem as necessidades daquela época. Além de banha e produtos produzidos pelo Frigorífico Renner, os barcos também carregavam produtos produzidos pela indústria de calçados Hach e Renner e do Curtume Montenegro e das indústrias de tanino aqui existentes.
Estes barcos, entre outros, denominavam-se: Pareciense, São Cosme, Ariranha e Acácia Negra, de propriedade da Navegação Renner e Schüler Ltda. Depois, Nova Marqueza, Montenegrina e Marlene de propriedade da Navegação Montenegro Ltda. Os barcos Zilda ll , Gelsi e Santa Cruzense (ex-Liberal) ambos de propriedade da Areiasul.
Além destes, no Cais atracavam o barco Sirlei, do Sr. Benjamim Braga, a Nova Zelândia do Sr. José Pinto de Azevedo,  a Brahma do Sr. Serafim Barreto e do Sr. Pedro Cristofari, mais adiante atracavam também o Marimão, do Sr. Dolício de Vargas e a Atalaia do Sr. Pedro Fagundes. Nas proximidades do Clube de Caça e Pesca atracavam a Flor do Norte, a Serrana, a Nova Esperança, a Salvador,  Arirá e a Itu, esta do Sr. Baiano Braga.
 Um pouco mais além atracavam a Poeta, do Sr. Pedro Finger , a Favorita e a Baroneza. Já nas proximidades do Estaleiro Bortolaso, atracavam a Bela Rosa, do Sr. Valdomiro Mello, Dom Pedrito e Laudir do Sr. Barcelos. No Paquete carregavam lenha para à Capital o barco Gaúcho da Serra de propriedade dos Srs. Egídio Müller (ecônomo do Clube do Comércio) e Celso Barreto.
 Na localidade de Pesqueiro a maioria destes barcos também lá atracavam para o carregamento de lenha, que era a principal fonte de energia, uma vez que ainda não existia o gás. 
No Porto Ely existia a Flor do Ely , a Isabel Maria e outros que carregavam tijolos fabricados pela Olaria Ely.
No Porto Garibaldi carregavam a produção da Olaria Garibaldi além de outros, os barcos Odalisca, Dilla, Véra Regina e Janota.
Com o advento do transporte rodoviário, a partir da década de 70, a navegação fluvial foi extinguindo-se e hoje em nosso Cais restam apenas três embarcações, são elas Santa Justina, Santa Marta e Santa Luiza as quais transportam unicamente areia voltada à construção civil de Montenegro e região.
Prezado Professor Schwartz, com o intuito de recordar a época do transporte fluvial de Montenegro e contribuir com o competente colunista, desejo-lhe seu pronto restabelecimento, estimando melhoras.
Um forte abraço de seu aluno e leitor,
                                                    
                                                 


                                                            Eduardo César Isse. 
      

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